sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Programa Intervalo - Rádio Cultura 26/08/2011

            Nestes tempos de tamanha confusão moral, ou melhor dizendo, imoral, quando sentimos uma desorganização nos princípios e inversão total de valores, onde a ética se perdeu em função do salve-se quem puder, temos que nos dar um tempo para nos fortalecer, recuperarmos a razão e o bom senso, sem desconsiderarmos o coração, nem deixar de lado a esperança.
            Se formos avaliar o grande desvirtuamento da nossa sociedade, não tem sido a pobreza, a miséria, que até pode fazer perder a dignidade, submetendo as pessoas ao servilismo, à mendicância. No entanto, não tem sido ela a maior responsável pela desonestidade, nem o mais significativo exemplo de velhacarias, corrupção e indecência. Os maiores danos provêm dos que estão enredados em teias contaminadas de marginalizados à sombra do poder. São esses que provocam a revolta de outros desgraçados sem personalidade...
            O abuso do poder político e econômico, cargos nas mãos de pessoas do mal, o dinheiro que se acumula facilmente, a ganância, isso sim é que tem construído jornadas, caminhos que são efêmeros, mas não são vidas. É que, realmente, os homens e mulheres sem personalidade são inúmeros e apenas vegetam moldados pelo meio, atendendo a todos os anseios e ideais, menos os seus próprios anseios.
            Como disse o filósofo (Ingenieros) – Muitos nascem, poucos vivem. E se faz mistér, pelas evidências negativas da nossa época trazer o pensamento filosófico: “ Só vive o que deixa rastros nas coisas ou nos espíritos... A vida vale pelo uso que dela fazemos e pelas obras que realizamos...Não vive mais o que conta o maior número de anos, se não quem sente melhor o seu ideal... Viver é aprender para ignorar menos; é amar para nos vincularmos a uma parte maior da humanidade; é admirar para compartilhar as excelências da natureza, bem como dos homens; é esforço para melhorar, um afã incessante de elevação em direção de ideais definidos”.
            A moda, amigo ouvinte, oscila a cada ano, a cada década, se atrela ao sabor do tempo. Os costumes até sofrem influências, mas quando começamos a perder valores que dão sentido à vida passamos a subsistir, submetemo-nos a qualquer preço para continuarmos vegetando... Reflitam – Será que vale a pena?