Sempre em minha vida, "galopando por montes e canhadas" foi possível fazer dos caminhos um trilho favorável, sem percalços ou tropeços na viagem. Hoje, aos 97 anos, enxergo os espaços pelos quais andei e eles, ainda refletindo a ajuda indispensável dos amigos.
A estima e a sinceridade dos amigos para comigo faço-as comparáveis ao carinho de meus filhos, este sublimado pelo calor do berço.
Ainda muito jovem, com pouco saber e muito amor à terra natal, principalmente lá pelo fundão do Arroio d’El Rei, nesse mesmo lugar, inspirado nas águas plácidas da Mirim, a minha frente, sentado numa banqueta defronte a uma mesa de ferro que antes fora máquina de costura de minha bisavó, ao que me diziam chamada Serafina - rascunhava num papel simples os meus primeiros artigos. Tinha um destino - Jornal Sul do Estado. Seus dirigentes acolhiam-nos em uma das colunas de primeira página, como estímulo. Germano Brayer (Germaninho), revisor, encarregava-se de corrigir alguns erros, inevitáveis a um principiante.
Foi daí que eu parti como início de caminho longo, sempre assoberbado por entre livros e jornais. Hoje (97 anos), 20 exemplares de minha autoria circulam pelas livrarias do país e até fora dele (biblioteca de Washington por solicitação - "Campos Neutrais"). O que estou a dizer bastaria para justificar o meu apreço pelos jornais da minha terra, principalmente os de Santa Vitória do Palmar.
Na festa de aniversário, levada a efeito em 30 de setembro do corrente ano, data expressiva do jornal O Vitoriense, quando a diretora insigne e reconhecida jornalista, Marília de Mendonça Cardozo houve por bem honrar-me equacionando aos meus 97 anos (completados no dia 27 de setembro) com os 30 de seu jornal, fui tomado de uma emoção a ponto de levar-me a reavivar na lembrança épocas passadas em demanda com a história. O Vitoriense também intitulara o primeiro jornal que surgiu após os antigos Campos Neutrais, em 1876 (jornal comercial e noticioso), fundado e dirigido por Marcos Roiz de Lima.
Contou O Vitoriense com a eloquente e lúcida colaboração de Emílio Valentim Barrios, o menino filho de um posteiro, nascido, por isso, na margem da Lagoa Mirim, Estância dos Provedores. Depois árdego e brilhante advogado, combativo e talentoso deputado. Mesmo alcançando as alturas, graças a seu talento, Emílio Valentim Barrios nunca deixou de colaborar no Vitoriense, fazendo-o conhecido em todo o estado (o primeiro).
Pelo nome que o caracteriza, O Vitoriense atual tem uma responsabilidade muito grande, que não lhe permitirá nunca arrefecer no trabalho de comunicação que ora faz com tanto destaque no que diz respeito, principalmente, ao desenvolvimento cultural do povo que lê e o aplaude. Divulgando ainda o valor e a capacidade da gente que povoa nossa fração de terra que é o ponto extremo-meridional do Brasil.
Jornalista Marilia:
O livro é a fonte geradora da civilização. A que nos ensina a história, o livro primeiro da humanidade, em letras cuneiformes chamou-se Crônicas de Axum. Fala-nos do começo do mundo, 5500 anos antes de Cristo (nascentes do Nilo). Necessário seria um meio de comunicação a correr como as águas do grande rio, espargindo os conhecimentos gravados na pedra pelos sábios que antecederam os da "Escritura". Surgiu a imprensa no mundo inteiro! O jornal, finalmente, falado, escrito e televisionado.
Mac Luham diz que sua invenção, a eletrônica, transformou o mundo numa aldeia. A comunicação, como relâmpago de tudo o que acontece na terra, no mar e no céu deixa supérfluos os antigos sistemas com o mesmo propósito. (Axum - Capital da Etiópia) Por Anselmo Amaral