segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Transferências dependem de vagas em hospitais de referência

A saúde é sempre um desafio para os gestores e as soluções só poderão vir de um sistema integrado que realmente seja efi- ciente, garantindo o atendimento, principalmente emergencial nos hos- pitais de referência. Do contrário, mu- nicípios como o nosso, por exemplo, sempre ficarão sujeitos à morte de pacientes.

- Nosso hospital é o único na região, atendendo 40 mil pessoas dentro das limitações que possui. A grande preocupação é a superlotação no Pronto Socorro, onde atendemos 97% de internações quando não deveríamos passar de 60%. Haveria neces- sidade de mais um médico de plantão. Também é preciso dizer que 90% dos casos não são emergenciais, mas ambulatoriais, esclarece Noris Gon- zalez, diretora geral da Santa Casa de Misericórdia. Ela diz que outro aspecto a considerar são as trans- ferências de pacientes, já que temos dois hospitais de referência (Pelotas e Rio Grande) que só aceitam a liberação de leitos mediante contato direto entre médicos. O plan- tonista chega a ficar três horas ao telefone para fazer esse agen- damento e enquanto isso, outros casos também de emergência aguardam na sala de espera. Houve casos de pacientes que pre- cisaram aguardar três dias por um leito, prin- cipalmente em U.T.I.
-Para amenizar a situação manttemos uma sala de esta- bilização, onde o paciente é monitorado até a hora do embar-que, mas sem aquele atendimento especializado que pre- cisa, correndo o risco de falecer... E ainda enfrentamos dificuldade para o transporte desses pa- pacientes graves. Temos a SAMU básica que se transforma em U.T.I., mas só pelo SUS e para adultos, sendo gerenciada pela Secretaria Municipal da Saúde. O hospital apenas vende os serviços de médicos e enfermeiras, explica a diretora.
Já nos casos de outras transferências (neonatal, infantil...) é preciso buscar o serviço de U.T.I. da Unimed, que leva de 12 24 horas para chegar aqui. – Vamos discutir essa questão numa reunião com secretários de saúde da região, pois a situação está bastante difícil, diz Noris.
A diretora admi- nistrativa da Santa Casa, Alexandra Rivero ainda acrescenta como agravante, que o médico de plantão, em relação à transferência, não pode liberar a ambulância sem ter garantido o leito no hospital de destino. Trata-se de uma política nacional, mes- mo nos casos par- ticulares.
- Além da sobrecarga no atendimento pelo SUS, a tabela é deficitária, pois desde 2006 não é revisada... Vejam que precisamos manter retaguardas dentro do hospital, como os setores de costuras (roupas para o bloco cirúrgico, len- çóis...), nutrição, la- vanderia, recursos humanos. São serviços pagos com recursos de internações... Em cima do que a prefeitura nos repassa precisamos acrescentar R$ 30 mil para conseguir cumprir o estabelecido no convênio, coloca A- lexandra.
O diretor técnico do hospital de Santa Vitória, Fabiano Gon- zales reitera a gravidade da situação quando são necessários atendimentos especializados. Segundo ele há uma desorganização nas referências, que não são bem definidas. Embo-ra repasse o dinheiro, o governo não dispo- nibiliza determinadas especialidades. O seu ponto de vista é que deveriam receber os pacientes, independente de vagas, a exemplo do Pronto Socorro. _ Vejam a situação de um hospital como o nosso com uma criança em estado grave, sendo que seria melhor mantê-la num local onde tem o espe- cialista que ela precisa e maior facilidade de remanejo. Acho uma falha grave da re- ferência. As políticas estaduais e coorde- nadorias devem me- lhorar para também termos bons reflexos aqui.


A Portaria Ministerial 2048 em seu capítulo II coloca como uma das atividades gestoras da re- gulação de ur- gência: "decidir os destinos hos- pitalares não a- ceitando a ine- xistência de lei- tos vagos como argumento para não direcionar os pa- cientes para a melhor hierarquia disponível em ter- mos de serviços de atenção de ur- gências, ou seja, garantir o aten- dimento nas ur- gências, mesmo nas situações em que inexistam leitos vagos para a internação de pa- cientes (a chamada "vaga zero" para internação). Deverá decidir o destino do paciente basea-do na planilha de hierarquias pactuada e dis- ponível para a região e nas in- formações periodicamente atualizadas; sobre as condições de atendimento nos serviços de ur- gência, exercendo as prerrogativas de sua autoridade para alocar os pacientes dentro do sistema regional, comunicando sua decisão aos mé-dicos assistentes das portas de urgência".

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