terça-feira, 22 de novembro de 2011

Vera Miranda (coluna de Joca e Cláudia schwab)

Vera Miranda recebe-se a sí mesma em seu chiquérrimo endereço e não sabido da Barra do Chuí  


            As dunas branquíssimas de areias monazíticas, como outrora divulgado, oriundas do Mar de Aral, resplandeciam ao sol primaveril do fim de tarde mais meridional do Brasil quando Verinha Miranda abriu as portas de seu retiro praiano para receber-se a si própria e a diversos outros elegantérrimos convidados, das infra, extra e das mezzo esferas. Os trabalhos foram abertos e conduzidos pela afilhada dileta de VM, a famosa e queridinha dos famosos, má cantora, modelão e mística,  Preta Geyborandeza de los Panos de Jesús, que recomendou o especialíssimo cardápio de inspiração russa à base de ovos, pela profunda significação de renascimento que estes acepipes trazem. Ovos de casca de ouro das gansas vermelhas da criação privê que Vera Miranda mantém em seus Campos Elíseos de Cebollatí, para as omeletes, tortillas e mayonèses; ovas de violinha da mangueira pescadas no Arroio Chuí (adivinhem quem lá as botou para serem pescadas por Luciano Miranda?) e preparadas à milanesa por Verinha Miranda, em regozijo por mais este petit cadeau que ofereceu a seu esposinho; ovos de pavoa real dos Jardins da Capela Sistina, de lá trazidos pelas puras mãos do Papa Bento Bentíssimo Desasseis para as sobremesas de ovos moles e ovos nevados aromatizados com baunilhas do monte Ararat e ovos das galináceas de Madagascar criadas pelo eternamente jovem filósofo, ator e diretor teatral e global, hortelão, galinista e galã Joca Jojoca Negro Renato de los Ávila y Ávila Loiroency, utilizados por Bru Miranda - recém saída de seu luto, para produzir um alcoolissíssimo licor de ovos e vodka das estepes da Sibéria. A decoração todinha em ovos Fabergé deslumbrou até os mais espiritualizados.                                                                                                                                                Lá’stavam: Xico Xavier, psicografando compulsivamente várias mensagens de seu mestre Allan Kardec; Ghandi e Madre Teresa de Calcutá tomavam chá de Santo Daime e jogavam Gamão enquanto distribuíam sorrisos e amabilidades a todos; o Guru Rallah Ricotah; Mãe Menininha do Gantois, administrando uma crise entre Ogun, Yansã e Xangô e jogando búzios; Índia Potira e Cabocla Jurema fazendo consultas e trazendo amores perdidos em apenas três horas; além da Cigana que leu o meu, o seu, o nosso destino. Virgem Maria iluminava com seu halo um belo recanto, ensimesmada, cantando nana nenê e boi-da-cara-preta, em sânscrito castissimo, para deleite e encanto de Nani Miranda.                                                                                                                                                                                 No jardim lateral do solar, a assistente e educadora social-social-social, über dês-organizadora de eventos e zen-tudo, Malíssima Rúbia Má-dalena Mesquita y Mesquita de los Papagayos Azules, assessorada por sua inseparável aprendiz, a new beatle e hippie pós-moderna Aimée Desirée Fripp Fripp Fripp Carpado de Todos Los Santos, construíam uma impressionante mandala com a simbologia dos 5 elementos e conduziam uma vivência astral com o representante direto de Jah e deus negro jamaicano, Bob Marley.  Jung, Froid e Lacan foram sabatinados por Preta Geyborandeza, com tradução simultânea para o Sânscrito feita pela cultíssima Nani Miranda que teve sua tradução pirografada em pergaminhos do mar Cáspio pelos gênios Vicente e Valentin Miranda, os já nossos conhecidos ex-e futuro bebês Obino. Preta, em transe espiritual, perguntava aos três gênios da psiquiatria: “Quem nasceu primeiro? O ovo? Ou a Galinha?” Mas por mais que perguntasse, resposta ela não tinha.                                                                                                                                                                     Todos os convivas vestiam trajes oferecidos por Vera, confeccionados em puro e branquíssimo linho egípcio tramado com delicados fios de ouro branco pelo tecelão do faraó Tut-Ank- Amon e executados pela haute coutture de Madame Channel, para elas, e Mestre Armani, para eles. Coco, a propósito, desceu de seu lugar no céu, à direita do Senhor, para vestir  literalmente para a ocasião, aanfitriã Verinha.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                Os atrativos culturais da noite ficaram a cargo da transmissão em 13 D de 13 dos 14 filmes produzidos na vida pelo cineasta russo Sergei Eisenstein e pelos sonoros acordes desfiados pelo maestro russo Sergei Prokofiev para que o bailarino russo Rudolf Nureiev pudesse dar suas pirouettes, piquets e grand jettés inigualáveis. Em êxtase, Michail Gorbachev e Lech Valesa alisavam os bigodes de Lênin e brindavam entusiasticamente com litros de vodka, deglutida ferozmente em parceria com Bru Miranda, que pelo prolongado luto, contraiu um chic e elegante alcoólico coma (nas alturas, a dindinha Amy, dizia a Hosana das Alturas, balançando a cabeça: “Que bonitinha... Puxou à madrinha!!”). Dostoiévski maravilhou a todos, contando intermináveis e deliciosas histórias de crimes e castigos. Show à parte foi dado por Uri Geller, que desentortou as orelhas do genial impressionista Van Gogh e do gênio da matemática mergulhão, professor Carlitos de los Silva and Silva.  A Rainha de Copas não foi convidada. Elegante e discreta como sempre, Vera Miranda não foi vista por seus convivas e nem mesmo por ela própria ...

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