Apenas uma estrada terrena que chega ao fim, fechando um ciclo que ficará para sempre como referência na atividade comercial desta região, principalmente em Santa Vitória do Palmar para quem conviveu com a Dona Isaura. Foram mais de 70 anos apenas como comerciante, que desde o seu casamento, em 1939 com o proprietário da Casa Nova, Calidio Kalil, ela adquiriu o gosto pela atividade a qual dedicou toda a sua vida.
Aos 97 anos, sempre com muita fé e constantemente agradecendo a Deus e à Nossa Senhora pela coragem que sempre teve para enfrentar as dificuldades, Dona Isaura continuava ali, atrás do balcão, de olho para que todos fossem bem atendidos na sua Casa Nova. Não era para menos porque no ano que vem, no dia 04 de setembro, a loja da Dona Isaura comemora 80 anos, constituindo-se no mais antigo estabelecimento comercial de Santa Vitória do Palmar.
A essência da mulher dos Campos Neutrais está ali... Vai continuar ali... A têmpera para enfrentar as agruras que a vida lhe impôs é que fez toda a diferença. Assumiu a sua missão com serenidade, resignação e colheu bons frutos.
Teve o privilégio de envelhecer, sim, porque envelhecer é um privilégio assim como poder conviver com os netos e bisnetos. E ela teve tempo, todo o tempo necessário para viver momentos inesquecíveis, receber homenagens de reconhecimento, horas festivas de verdadeiras demonstrações de afeto e respeito pelo seu exemplo de virtudes, religiosidade, persistência, coragem, determinação... Vale lembrar que como professora, antes da vida no comércio, Dona Isaura também deixou marcas indeléveis na década de 30, ao lecionar na campanha para filhos de fazendeiros.
Dedicação, amor ao trabalho, aconchego no interior da loja, onde permaneceu, praticamente até os derradeiros minutos da sua partida, a gente sentia de verdade com ela. Dona Isaura tinha fé na vida e nas pessoas. Ela fez a diferença como mulher e empresária empreendedora, por isso ficará em nossa lembrança e como símbolo na história do comércio de Santa Vitória do Palmar.
Felizes os que tiveram o privilégio, como eu, de desfrutar daquela atenção especial, do seu café da tarde, do seu carinho de vovó, da sua delicadeza... Siga em paz, Dona Isaura, e aproveite o louvado descanso na eternidade!
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