"Quantos nobres falsos! Quantos "títulos que não encurtam orelhas!". A sociedade, a opinião pública é quem faz convergir esses valores flutuantes, sim porque nem sempre permanecem. É a opinião pública que rende homenagens, que coloca num pedestal, tornando nobres criaturas que nem sempre correspondem aos cargos, títulos ou destaque que por momentos alcançam.
Só que o hábito de se apreciar demais pessoas pelos títulos que ostentam, pelos favores que podem nos prestar, certamente acaba formando uma sociedade medíocre, que abafa a competência individual. Vejam que esses indivíduos, profissionais que hoje são valorizados pela posição política, por exemplo, pelo poder do cargo que ocupam, tantos deles já despencaram, caindo até mesmo no anonimato.
E também existem profissionais que geram certa fragilidade em quem depende dos seus préstimos. Um médico, advogado, farmacêutico, engenheiro, jornalista, enfim, normalmente quem desenvolve essas atividades exerce certo poder e é respeitado por isso. Pode ser até justo desde que não se prevaleçam dessa condição e que fora do seu domínio de trabalho se considerem pessoas iguais, com os mesmos direitos, deveres e regalias do resto da sociedade.
Quem nunca se sentiu agredido pelo abuso do status e do poder e pela arrogância de determinadas criaturas que precisam ser evidenciadas para se sentirem valorizadas?
Intervalo, que foi ao ar na rádio Cultura há 11 anos e hoje, mais do que nunca reflete um sentimento meu, um ponto de vista que carrego e vai continuar orientando a minha caminhada.
Quem não ouviu algum dia - Você sabe com quem está falando? Quantos já passaram por uma humilhação, um pisoteio quando precisaram de algum processo, enfim, tiveram que conviver com a falta de educação, a má vontade, a afronta de determinados funcionários que tentam deixar as pessoas numa situação de inferioridade, impotência e até impaciência diante da displicência?
E há ainda quem se valha da posição, do cargo privilegiado que ocupa para levar vantagens pessoais. Usando a "Lei de Gerson", eles buscam se beneficiar particularmente com serviços e bens da forma mais ilegal e desonesta possível.
Infelizmente vivemos num mundo de aparências, onde quem realmente tem méritos enfrenta resistências. Já chegamos ao cúmulo da humildade, a simplicidade, a tolerância e a honestidade de princípios serem confundidos com servidão, panaquice, falta de vivacidade.
Mas tenham certeza de que os narizes empinados, os arrogantes, aqueles que convivem muito bem apenas com bajuladores ou aqueles que podem prestar-lhes favores criados pela cumplicidade, esses acabam vencidos. Esses acabam vencidos pelo próprio tempo que só favorece aqueles homens que realmente valem pelo que sabem e pelo que são e não pelo que representam ou aparentam ser. " (Programa Intervalo na Rádio Cultura, no dia 18/02/2000)
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